MANU VALCAN
Como escrever um livro de romance
Escrita criativa: Como escrever um livro de romance parte 1 1. INTRODUÇÃO: COMEÇANDO PELO COMEÇO Provavelmente você já deve ter pesquisado muito na internet “como escrever um livro”, coisa que infelizmente não fiz quando comecei. Eu fui na doida, só decidi que ia escrever e comecei, mesmo sem ideia alguma do que era estrutura e essas coisas. Eu só queria um livro que pudesse ler, algo que eu me identificasse, já que os livros eram artigo de luxo em casa. Mas aí então descobri algo chocante: eu não gostava de ler o que escrevia 🤡 , não porque fosse chato ou eu escrevesse mal (spoiler alert eu escrevia mal) , mas porque eu já sabia o que ia acontecer ao longo da narrativa e sabia o que acontecia no final. Quando comecei a escrever, não era todo mundo que tinha internet. Se quiséssemos fazer pesquisas, trabalhos para a escola, tínhamos que ir para as cybers da vida. Livros eram caros para o padrão de vida que minha família levava. Minha mãe ia preferir fazer compras a gastar com livros. Eu também não tinha computador. E eu queria ler livros. Então sem as ferramentas essenciais para qualquer escritor, ainda assim, com 11 anos comecei. Contudo, isso aqui não é um relato triste ou um diário pessoal para mostrar os perrengues que passei quando comecei, e também não vou romantizar o sofrimento do autor iniciante usando a frase clichê de “quem quer dá um jeito' '. Deus me free. Quem dera eu tivesse as ferramentas que tenho hoje. As coisas seriam mais fáceis. Mas aqui estamos, você e eu, vinte anos depois de eu ter me apaixonado pela escrita. Mesmo tendo iniciado anos atrás, e com vários livros publicados de forma independente, eu ainda pesquiso, hoje “como escrever e um livro” , seja por mera curiosidade ou para conhecer as técnicas que estão se usando atualmente, porque as técnicas se atualizam sempre . Autores de atualmente não escrevem mais como autores da década de 90, mas depois falaremos sobre isso em um artigo futuro. Gosto de estudar sobre escrita e meu TCC foi sobre isso. Só que ainda prefiro começar meu livro como comecei anos atrás, que é como muita gente começa: Com apenas uma ideia. Gostaria muito de dizer que o resto vem naturalmente, só que não é assim, ao menos não para mim. É quando planto a semente da ideia que preciso capinar para buscar o resto. Convenhamos que meu processo de escrita também não ajuda muito, ele muda constantemente. Provavelmente daqui a uns meses este artigo seja atualizado, quem sabe. Como um Pokémon, todo autor evolui, e hoje você também não escreve como escrevia há um ano. E estamos justamente aqui para dar uma passada rápida por cada etapa deste processo, antes da concepção de um livro de romance com foco na publicação . Aviso que mais pra frente entrarei a fundo em cada etapa. Veja isso como um guia, o meu guia para organizar toda a loucura que acontece na minha mente e colocar em uma tela em branco de computador. Este artigo será dividido em duas partes. Na primeira vamos organizar o processo, descobrir sobre o que é o livro. Falaremos sobre: Como surge a ideia A premissa de tudo O Pitch de elevador As perguntas mágicas do enredo Escolha suas estruturas O leitor ideal Na segunda parte vamos conhecer a galera que vai sofrer na minha mão: Os personagens. Falaremos sobre: A importância do nome O tema O vilão Seu personagem principal Os secundários O Casal E como usar o clichê ao seu favor Por isso, para a segunda parte, se você caiu de paraquedas aqui, assina a Newsletter e não perde nada. Não te prometo que você vai sair daqui escrevendo um livro, mas espero inspirá-lo a começar um. Então vamos começar? 2.COMO SURGE A IDEIA? A ideia surge do nada , essa que é a verdade. É justamente quando estamos fazendo vários nadas, ou quando estamos fazendo algo nada a ver, que ela vem . Eu já tive ideia enquanto estava tomando banho, caminhando, quando estava deitada na cama olhando para o teto, no meio da aula.... E uma coisa que acreditei muito foi no mito de que iria lembrar da ideia depois . Por isso, não anotava nada. Eu realmente lembrava, deixarei isso claro aqui, mas com a idade e as milhões de tarefas que tenho que fazer em um dia, fica inviável confiar só na memória, então eu já paro o que tô fazendo e corro pra anotar no celular mesmo, no aplicativo que eu uso, no grupo privado que só tem eu de membro. O importante é guardar essa ideia mesmo que não vá usar depois . Muitas vezes a ideia é maravilhosa na hora, mas aí surge outra. Não fique mal por isso. É normal. Mesmo quando estamos escrevendo um livro, ideias surgem. Nossa cabeça não para de trabalhar . Paro o que estou escrevendo, anoto, porque no futuro isso pode virar um bom livro e vida que segue. Então uma dica que dou, e darei mais aprofundada em um artigo futuro, anote tudo que puder e guarde num local para buscar depois . Ideias são importantes e pode sair um livro maravilhoso daí. A ideia é só o começo . 3. A PREMISSA DE TUDO A premissa é um breve resumo da sua história. Pode ser uma frase, uma pergunta, um parágrafo bem elaborado… Transformo a ideia em um simples parágrafo que me dá uma noção de personagens, lugar e plot principal. Abaixo seguem exemplos de premissas conhecidas: “James Bond se une ao único sobrevivente de um centro de pesquisa russo destruído para impedir o sequestro de uma arma espacial nuclear por um colega agente anteriormente considerado morto.” “Uma sobrevivente rebelde voluntariamente toma o lugar de sua irmã mais nova nos Jogos Vorazes: uma competição televisionada na qual adolescentes de cada um dos doze distritos de Panem são escolhidos para lutar até a morte.” "Harry Potter é um órfão criado por sua tia e tio que o detestam. Mas tudo muda quando ele é convidado a ingressar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e descobre que é um bruxo. Em Hogwarts ele e seus novos amigos Ron e Hermione tentam desvendar o mistério da Pedra Filosofal, enquanto lutam para combater o Lorde das Trevas." A premissa está aí para simplificar sua ideia , e depois disso, é só expandir aquilo que você tem. É na premissa que eu identifico meu problema, o vilão, os personagens, o lugar . E é daí que eu conheço o tema principal da minha história. 4. SUBINDO O ELEVADOR Eu escrevia para o Wattpad e meu livro tinha que ter um esboço rápido, assim eu não perderia tempo com outlines complicados. Fazia um resumo básico que continha a problemática, os personagens envolvidos, e um pouco da ambientação. Anos depois, estudando e lendo os livros de James Scott Bell, um autor que já escreveu inúmeros livros sobre narrativa e estrutura, descobri que esse resumo que eu faço se chama pitch de elevador . A ideia do pitch de elevador consiste em imaginar que você está contando sobre a sua história, para alguém, dentro de um elevador enquanto ele sobe até o último andar. Agora imagine que esse alguém é o Spielberg e você só tem uma chance de impressioná-lo. Não se dê ao luxo de perder tempo, pois logo as portas se abrirão, então você tem que, além de ser sucinto, deve despertar o interesse. No Pitch de elevador o que importa é o Quem, o Quando e o Agora. Use o Pitch para preencher algumas lacunas de sua história. Quem: Harry Potter é um órfão que passa poucas e boas morando debaixo da escada na casa dos tios na rua dos Alfeneiros. Além do desprezo e dos maus tratos, o menino não possui nenhum amigo. Quando: No período do seu aniversário de 11 anos, uma carta chega de modo inusitado nas mãos do menino, junto com uma visita inesperada. Logo Harry descobre que foi aceito na escola de magia e bruxaria de Hogwarts e tudo o que ele pensava saber sobre sua vida, não passava de uma mentira. Agora: Ao lado de seus amigos inseparáveis, Rony e Hermione, Harry enfrentará um de seus maiores desafios, o poderoso Lorde das Trevas. O mesmo que matou seus pais, anos atrás, e está de volta ameaçando mais uma vez o mundo bruxo. Com esse resumo você tem uma ideia de como sua história vai começar e onde ela vai parar, mesmo que não tenha o final ainda. Eu geralmente nunca tenho o final, e quando tenho, bem, quase todas as vezes ele muda. Na verdade, ter um esboço não é garantia de que uma história vai seguir tudo que eu planejei. Até o nome da história muda às vezes. Algo que você precisa saber agora, e que eu já aceitei na minha vida, é que tudo pode mudar. 5. ESCOLHA O CAMINHO Suponha que você está em uma cidade nova, tem um mapa na mão e precisa chegar a um museu ou a um restaurante. Você pode escolher várias formas de chegar lá, vários caminhos. Uns são mais curtos, outros são mais longos. Você pode ir a pé, pode pegar uma moto, um uber… Encare a cidade como sua história , o mapa é o outline (o esboço) que você deve fazer; o caminho é o tipo de estrutura que você vai usar para desbravar sua história, para chegar onde precisa. Existem várias estruturas, umas são muito conhecidas, como: os três atos, snowflake, sete pontos do enredo, cinco pontos, jornada do herói. Outras, nem tanto assim, como: triângulo dourado, a curva de Fichtean, save the cat, in medias res, a promessa da virgem… Não existe a estrutura certa ou a errada, existe aquela que você gosta. Você pode usar mais de uma, ficar na mais simples, ir para uma mais complicada. Não importa. Esboçar sua história é importante, porque te dá um norte, uma direção. Nem que seu esboço seja um rabisco no papel. Se você é um plotter , ou escritor arquiteto, alguém que gosta de planejar tudo nos mínimos detalhes, sabe a importância de um bom esboço. Mas se você é um pantser ou jardineiro, que sai escrevendo apenas, saiba que nem tudo está perdido. Existe um equilíbrio e uma forma de trabalhar com a estrutura mesmo assim . Veremos em outro momento, pois aqui o foco é só uma passada rápida pela etapas, para que o artigo não fique muito longo. Já usei e abusei de muitos estilos ao longo desta jornada. Criei um template que disponibilizarei aqui depois, que abraça meu estilo e possui o melhor de todos os mundos das estruturas. Em uma outra série que estou montando pra cá, para o blog, faço o Outline e te mostro como construo o passo a passo de uma história nova. Francamente não me encaixo nessa de autor arquiteto (Plotter como chamam lá fora, ou Outliner) sou mais jardineiro, embora não seja jardineiro completo. Complicado eu sei, mas você pode saber mais sobre o tipo de escritor quando falarmos da diferença de cada um deles em outro artigo. Mesmo no meu template não sigo minha própria ordem de criação. Ser autor é saber quando as regras se aplicam ou não. Você se utiliza delas, pode muito bem burlá-las quando quiser. Faço isso todo tempo. A escrita é livre, é sua, e ninguém manda nela. Então só você, sabe o que é bom e serve pra você. 6. O LEITOR IDEAL Essa é uma parte muito importante. É uma etapa fundamental para quem está pensando em publicar um livro. Defina o seu leitor ideal. Você vai responder a algumas perguntas como por exemplo: Para quem o seu livro se dirige, qual tipo de público você quer alcançar, qual conteúdo esse leitor consome... Não existe uma ordem para implementar essa parte, se antes do esboço, ou depois do esboço. A dica que eu dou é, defina isso antes de começar a escrever o seu livro , assim você já vai ter uma ideia do tipo de marketing que precisará usar para alcançar o tipo de leitor que você busca. Com isso em mente crie o plano de lançamento com ações diretas focadas especialmente para cada momento: pré-pré-lançamento, pré-lançamento, lançamento e pós-lançamento . Disponibilizarei aqui meu templante de lançamento, por isso fique ligado nos próximos posts do blog e nos materiais que estou preparando para você! Então terminamos aqui a nossa primeira parte sobre a criação de um livro de romance que começa como qualquer outro livro, antes de preenchermos com o essencial. Se ainda não é inscrito assine a Romanceletter no final da página, e não perca a segunda parte. E aí, onde anda o processo de criação do seu livro? Também me disponibilizo para que tirem qualquer dúvida. Até a próxima.
